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O outro lado da ponte, uma análise do presente para enxergar o futuro do Brasil


No dia 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu a presidência do Brasil interinamente, em seu discurso de posse ele disse: "Minha primeira palavra ao povo brasileiro é a palavra confiança, (...) na vitalidade da nossa democracia, confiança na recuperação da economia nacional (...) e na capacidade de, que, unidos poderemos enfrentar os desafios deste momento que é de grande dificuldade". Quase um mês após tomar posse, ainda falta bastante confiança para que o atual momento do país vislumbre saídas no governo Temer, que começou sob a polêmica de não ter escalado no seu quadro de ministros mulheres. Convidados para atravessar a chamada "ponte para o futuro", os brasileiros ainda sentem-se confusos sobre que tipo de futuro os aguarda. Nesta matéria conversamos com alguns especialistas a fim de entendermos o que acontece e saber possíveis caminhos para a nossa vida democrática tão curta, mas tão intensa.

Segundo o professor e economista Ricardo Arthur, as pedaladas fiscais, razão pela qual a presidenta Dilma foi impedida de exercer seu mandato, tem muito a ver com os nossos problemas econômicos: "as pedaladas fiscais, ou seja, o governo, desrespeitou a lei de responsabilidade fiscal em 50 bilhões.(..) Isto fazendo com que o país fosse rebaixado, fazendo com que a taxa de juros aumentasse". Por uma via diferente, o também professor, cientista político e advogado José Eudes dirá: "a crise econômica no Brasil não é uma crise terminal, como diz a imprensa (...). O Brasil tem quase 400 bilhões de dólares de reserva. O Brasil tem uma dívida interna e externa irrelevante. Se você pegar as estatísticas sobre o quanto se gasta, dos recursos públicos com os chamados programas sociais, é uma fatia mínima!". Para Eudes, os verdadeiros gastos que reduzem a possibilidade de crescimento do país são os altos juros da dívida que se pagam ao bancos nacionais e internacionais, somada à "roubalheira" generalizada: "no Brasil existe uma crença de que a corrupção foi inventada pelo PT, isso é ridículo! Desde que eu sou garoto, e eu tive dois parentes na política, que eu sei, que não se faz nenhuma concorrência para construir uma ponte no Brasil que não tenha roubo e que as empreiteiras subornam funcionários públicos, desde que o mundo é mundo".

Professor Ricardo Arthur/Fonte: Conexão Pública

Ainda sim, uma das grandes personalidades da história política do Brasil, líder das manifestações estudantis contra a ditadura militar em 1968, hoje professor de ciências sociais e economia Vladimir Palmeira, não há saída fácil para o atual momento, de uma certa forma a população terá de sofrer os efeitos das ações que visam melhorar o quadro: "não é preciso você aprofundar a recessão, mas é preciso ser austero porque a Dilma fez coisas impossíveis. Mas no curto prazo, o próprio Meirelles (atual Ministro da Fazenda) e o Temer desistiram de cortar (gastos públicos), por quê? Porque o Levy (ex-Ministro) cortou muito, então não devemos cortar, temos de mostrar que saneou o estado, em parte o próprio governo Dilma fez isso, e você tem que ter uma visão de longo prazo". Segundo Vladimir, a situação não será resolvida trocando Dilma por Temer: "Eu defendo que há uma crise de legitimidade, de fato, que o país está dividido, ninguém consegue dirigir o país e que a gente tem que fazer eleições gerais".

Professor José Eudes/Fonte: FACHA

Nesta semana uma reportagem na Folha de São Paulo mostrou que os investidores estrangeiros tem deixado de aplicar na bolsa brasileira, mesmo após afastamento da presidenta Dilma. Isto que revela que mesmo com Temer e as promessas que ele sinalizou falta confiança. Ricardo Arthur pontua os índices de crescimento que a economia precisa alcançar: "Para você ter uma ideia, O Brasil precisaria crescer positivamente entorno de 4% ou 4,5%, para que houvesse pleno emprego, ou seja, para que as pessoas que estão trabalhando não sejam demitidas e as pessoas que querem trabalhar encontrem emprego. Mas o Brasil, não só, não está crescendo 4,5%, como está decrescendo quase 4%". A opinião de Vladimir Palmeira corrobora com a meta de 4%: "É importante você mostrar, sobretudo na política fiscal que é uma questão mais central hoje, que medidas você vai tomar para poder ganhar legitimidade. Eu acho que isso tem de ser discutido numa eleição, porque é amargo, de fato, mas não se trata mais de cortar despesa. (...) Precisa desvincular os gastos da Constituição, (..) eu sou à favor porque acho que o estado tem que retomar o investimento. O percentual do P.I.B da gente chega à 1,1%, nós temos que ter 4%".

Professor Vladimir Palmeira/Fonte: O Globo

Para cumprir sua travessia é preciso descontaminar a chamada crise econômica do seu componente política, pois se há uma ponte a ser atravessada, a visão do outro lado tem sido turvada pelas visões selecionada da realidade. O professor José Eudes pontua: "quando a gente analisa política não analisa com o fígado, analisa com a cabeça. (..) Eu sou um professor universitário, eu tenho compromisso com a seriedade, eu não vou ficar defendendo grupo A, B, C ou D. Eu vou falar do ponto de vista do conhecimento histórico dos assuntos, então, eu acho esse impeachment é espúrio". Perguntado se acredita que o presidente interino Michel Temer conseguirá concluir o mandato, Vladimir Palmeira responde: "do jeito que está, um ministro caindo por semana, realmente ele não vai ter condições de governar. Ele não tem legitimidade e é bem possível que ele não tenha poder."

A análise feita pelos entrevistados, mostrando abordagem que fizeram de mais ampla e aprofundada será lançada em vídeo na página da Conexão.


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